Coreia Popular pode negociar fim de seu programa nuclear se EUA pararem de ameaçá-la


                                                                             
O chefe da delegação sul-coreana Chung Eui-yong e Kim-Jong-un durante encontro em Pyongyang

Reuters/Yonhap


Delegação sul-coreana vai a Pyongyang e afirma que regime comunista estaria aberto a congelar programa atômico e de mísseis numa eventual negociação com EUA. Líderes de Sul e Norte se encontrarão.

A Coreia do Norte estaria disposta a discutir abandonar suas armas nucleares e congelar seu programa atômico e de mísseis se iniciasse conversas diretas com os Estados Unidos, informou a delegação sul-coreana que viajou a Pyongyang na segunda-feira (05/03)

A declaração feita pelo chefe da delegação sul-coreana, Chung Eui-yon, marca o ápice de um processo de distensão entre as duas Coreias – tecnicamente ainda em guerra – iniciado desde os Jogos Olímpicos de Inverno, no mês passado.

Segundo ficou acordado nesta terça-feira, o  Kim Jong-un e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, devem se encontrar em abril no vilarejo de Panmunjeom, na zona desmilitarizada entre os dois países. Será a primeira vez em dez anos em que os líderes dos dois países se encontram – e também será a primeira conferência de Kim com líderes do sul desde que o jovem ditador assumiu o poder no Norte.

"O Norte deixou claro sua vontade pela desnuclearização da península coreana e expressou que não há razão para possuir um programa nuclear se as ameaças militares em relação ao Norte forem removidas, e a segurança do regime for garantida”, disse Chun, que aparece em fotos distribuídas por agências dos dois países apertando a mão de Kim. 

A Coreia do Norte também disse estar disposta a dialogar com os EUA sobre a desnuclearização e a normalização de laços diplomáticos. Os americanos vêm afirmando que estão "cautelosamente otimistas” sobre as conversas do Sul com os norte-coreanos. Uma das condições impostas pelos EUA para participar das conversas é a de que o regime norte-coreano desista de vez do seu programa nuclear.

Ainda segundo a delegação do Sul, também foi acertada a instalação de um canal direto de comunicação entre os líderes das Coreias. Os resultados otimistas desse encontro prévio foram confirmados pelos meios de comunicação oficiais do regime norte-coreano. A agência estatal KCNA informou que Kim Jong-un disse a uma delegação de altos funcionários sul-coreanos que está com uma "firme vontade de avançar vigorosamente" e "escrever uma nova história da reunificação nacional".

No entanto, alguns analistas apontam que a aproximação entre as Coreias tem que ser vista com cautela, já que o regime comunista já expressou várias vezes no passado que estaria disposto a abandonar seu programa nuclear, para pouco depois retomar iniciativas agressivas. Em 2000 e 2007, líderes sul-coreanos se encontraram com o pai de Kim Jong-un, o ditador Kim Jong-il, mas as conversas não resultaram em avanços duradouros.

A viagem da delação sul-coreana a Pyongyang correu semanas depois da histórica visita que a irmã do ditador norte-coreano, Kim Yo-jong, realizou à Coreia do Sul por ocasião dos Jogos Olímpicos de Inverno. Durante um dos seus vários encontros com o presidente Moon, ela fez um convite para realizar uma cúpula com Kim Jong-un.

EUA e Pyongyang estão em atrito há meses devido aos programas nuclear e de mísseis norte-coreanos, e Trump e Kim trocaram insultos e ameaças de guerra. A Coreia do Norte já prometeu várias vezes jamais abdicar de seu programa nuclear, que vê como um elemento de dissuasão essencial perante uma eventual “invasão” americana. Os EUA, que têm 28.500 soldados em território sul-coreano, negam tais planos.

(Com a DW)

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