Comunidade científica lamenta morte de Stephen Hawking

                                                                         
Cientistas e personalidades prestam homenagens ao físico britânico, descrevendo-o como uma "mente brilhante" e exaltando não apenas sua contribuição para a ciência, mas também a superação dos obstáculos que enfrentou.

Diversas personalidades prestaram suas homenagens ao físico britânico Stephen Hawking, morto nesta quarta-feira (14/03), exaltando não apenas seu trabalho científico, mas também seus esforços em promover a ciência e sua perseverança para lutar contra a doença que o deixou fisicamente incapacitado.

A agência especial americana Nasa homenageou Hawking relembrando uma conversa entre o físico e astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS), na qual o cientista afirma ter sentido "liberdade verdadeira" em um voo num avião de gravidade zero. Durante a experiência, ele disse que teve a sensação de ser o super-homem.

"Suas teorias destravaram um universo de possibilidades que nós e o mundo exploramos. Que você possa continuar voando como o super-homem na microgravidade", disse a Nasa.

O físico e promotor da ciência Neil deGrasse Tyson disse que a morte de Hawking deixa um "vácuo intelectual", que, porém, não deve permanecer vazio. "Pense nisso como uma espécie de vácuo de energia que permeia o tecido do espaço e do tempo e que desafia medidas", afirmou.

Lord Martin Rees, professor de Cosmologia e Astrofísica da Universidade de Cambridge, lembrou os dias em que ele e Hawking eram estudantes.

"Logo após me matricular como estudante de graduação na Universidade de Cambridge, em 1964, encontrei um colega, dois anos à frente nos estudos, que tinha dificuldades para se manter em pé e falava com grande dificuldade. Era Stephen Hawking", escreveu Rees.

"Ele tinha sido diagnosticado há pouco com uma doença degenerativa, e presumia-se que não sobreviveria tempo suficiente para terminar seus estudos de PhD. Mas ele viveu até os 76 anos”, disse o professor. "Apenas sua mera sobrevivência já teria sido uma maravilha médica, mas é claro que ele não apenas sobreviveu. Se tornou um dos cientistas mais famosos em todo o mundo."

Cientistas da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern) exaltaram o impacto do trabalho de Hawking e sua luta contra a doença degenerativa.

A diretora-geral do Cern, Fabiola Gianotti, elogiou o "entusiasmo, a vitalidade e a paixão pelo conhecimento" que o físico demonstrou em suas visitas ao Grande Colisor de Hádrons (LHC) e às instalações do Cern em Genebra.

O diretor de pesquisa e computação do Cern, Eckhard Elsen, afirmou que Hawking era "um dos gigantes e uma das estrelas da física no século passado”, acrescentando que o cientista "inspirou toda uma geração com sua capacidade de apresentar a complexidade da ciência de um modo popular".

O inventor da internet, Tim Berners-Lee, também expressou suas condolências. "Perdemos uma mente colossal e um espírito maravilhoso”, afirmou.

                                                 
O ator Eddie Redmayne venceu o Oscar por seu papel como Stephen Hawking no filme "A teoria de tudo"

O ator Eddie Redmayne, que ganhou um Oscar ao interpretar Hawking no filme A teoria de tudo, de 2014, sobre a vida do cientista, lamentou sua morte. "Perdemos uma mente verdadeiramente bonita, um cientista fantástico e o homem mais divertido que eu já tive o prazer de conhecer", disse.

Para a primeira-ministra britânica, Theresa May, Hawking foi "uma mente brilhante e extraordinária – um dos grandes cientistas de sua geração". Ela exaltou a "coragem, humor e determinação para conseguir o máximo possível da vida". "Seu legado não será esquecido", disse.
 
  GRANDES DESCOBERTAS
                                                           

Autor de grande parte das descobertas da astrofísica moderna tinha 76 anos de idade. Doença degenerativa não impediu que ele revolucionasse a compreensão humana sobre o universo.

O físico britânico Stephen Hawking morreu nesta quarta-feira (14/03) aos 76 anos de idade, em sua casa em Cambridge, informou sua família em comunicado.

O cientista, conhecido por seu trabalho na área da relatividade, é autor de grande parte das descobertas da astrofísica moderna, como a nova teoria do espaço-tempo e a radiação dos buracos negros.

"Estamos profundamente tristes com a morte do nosso amado pai no dia de hoje. Foi um grande cientista e um homem extraordinário, cujo trabalho e legado permanecerão por muitos anos", escreveram os filhos do cientista, Lucy, Robert e Tim.

Hawking é um dos cientistas de maior destaque desde o físico alemão Albert Einstein, o autor da teoria da relatividade. Nascido em Oxford, no dia 8 de janeiro de 1942, em uma família de intelectuais, ele iniciou seus estudos em em 1959 na Universidade de Oxford, e obteve seu doutorado em Física Teórica e Cosmologia em Cambridge.

Big Bang e Teoria de Tudo

Após conseguir seu doutorado, Hawking se dedicou à pesquisa e ao ensino ensino na faculdade de Gonville e Caius. Em 1977, ingressou no Departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica de Cambridge, onde foi professor de Física Gravitacional.

Três anos depois, chegou a titularidade da cátedra Lucasiana de Matemática Aplicada e Física Teórica, a mais importante de Cambridge, que foi ocupada por Isaac Newton em 1663.

Seu trabalho tinha como objetivo desvendar as leis que governam o universo. Junto com seu colega Roger Penrose, Hawking mostrou que a teoria da relatividade implica que o espaço e o tempo devem ter um ponto inicial, que denominou Big Bang, e um final, dentro dos buracos negros.

Nos anos 1970, ele descobriu que a combinação das leis da mecânica quântica e da relatividade geral evitariam que os buracos negros fossem completamente negros, uma vez que emitiam uma radiação, que passou a ser conhecida como "radiação Hawking".

Como professor de matemática na universidade de Cambridge, Hawking participou de uma das mais importantes pesquisas na área da física, sobre a chamada "Teoria de Tudo", que resolveria as contradições entre a teoria geral da relatividade – que descreve as leis da gravidade que determinam o movimento de corpos como planetas – e a teoria da mecânica quântica, que lida com partículas subatômicas.

Hawking chegou a afirmar que a Teoria de Tudo permitiria à humanidade "conhecer a mente de Deus". O nome pesquisa foi utilizado no título de um filme de 2014 que retrata a vida pessoal e acadêmica do cientista.

"Uma Breve História do Tempo”

Hawking revolucionou a física com as suas teorias do espaço-tempo, o Big Bang e a radiação dos buracos negros, resumidos em Uma Breve História do Tempo. O livro teve mais de 25 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo.

A obra serviu como base para uma série de televisão da BBC, onde o cientista trabalhou 1993 e 1996, chamada Into the Universe with Stephen Hawking ("Dentro do Universo com Stephen Hawking”, em tradução livre).

Outro livro de sua autoria, O Universo Numa Casca de Noz, explica conceitos como a supergravitação, singularidade nua e a possibilidade de um universo com onze dimensões.

Hawking sofre esclerose lateral amiotrófica (ELA) desde os 21 anos e surpreendeu os médicos ao passar dos 50 anos de idade. A doença se caracteriza pela degeneração dos neurônios motores, as células do sistema nervoso central que controlam os movimentos voluntários dos músculos.

Em 1985, uma grave pneumonia fez com que ele tivesse de respirar por um tubo, o que o forçou a se comunicar através de um sintetizador de voz eletrônico. Porém, nada disso impediu Hawking de continuar a desenvolver suas pesquisas e se casar pela segunda vez. Desde 2005, ele se comunicava movendo apenas um músculo sob seu olho que acionava o sintetizador de voz.

"Sua coragem e persistência, seu brilho e humor inspiraram pessoas em todo o mundo”, disseram seus filhos após a morte do cientista."Ele disse um dia que 'este não seria um grande universo se não fosse a casa das pessoas que amamos'", acrescentaram.

STEPHEN HAWKING NA CULTURA POP

'A teoria de tudo' (2014)

Eddie Redmayne venceu o Oscar de melhor ator por seu retrato de Hawking na cinebiografia britânica "A teoria de tudo". O filme de James Marsh foi inspirado no livro de memórias da ex-mulher do cientista, Jane Hawking. Ela descreve como eles se conheceram e formaram uma família, assim como seus primeiros sucessos e o diagnóstico de esclerose lateral amiotrófica (ELA), aos 21 anos.

                                             
'Os Simpsons'

O popular desenho animado é conhecido por aparições de estrelas da cultura pop. Hawking foi retratado diversas vezes. No episódio "They Shaved Lisa's Brain" ("Rasparam o cérebro da Lisa"), o físico britânico salva Lisa usando sua cadeira de rodas especial, com acessórios que até o fazem voar. No capítulo, o protagonista Homer Simpson pergunta à filha se ela se divertiu com seu "amigo robô".

'Monty Python Live (Mostly)' (2014)                 


Hawking fez uma aparição no show ao vivo de reencontro do grupo cult de comédia britânico Monty Python. Ele foi mostrado em "The Galaxy Song" ("A Canção da Galáxia"), um vídeo previamente gravado que o mostra em sua cadeira de rodas, cantando a música depois de ter atropelado outro físico popular, Brian Cox. Depois, ele sai viajando pelo espaço.

(Com a Deutsche Welle)


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