“Tenho medo da guerra nuclear. Estamos no limite.” O Papa Francisco, no voo que o leva ao Chile, presenteia aos jornalistas uma foto chocante e comovente, tirada em Nagasaki após a bomba atômica: ela retrata um menino na fila do forno crematório, aonde deve levar o irmãozinho que traz em suas costas. Bergoglio escreveu como comentário: “O fruto da guerra”.

A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no sítio Vatican Insider, 15-01-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

“Esta imagem – disse –, eu a encontrei por acaso e foi tirada em 1945. É um menino com o seu irmão sobre as costas, morto, que está esperando o crematório em Nagasaki.”


Cartão enviado pelo Papa Francisco (Foto: Joseph Roger O’Donnell, 1945)

Francisco comentou: “Me comovi muito quando vi isso, então quis escrever: ‘O fruto da guerra’. Eu quis imprimi-la e dá-la, porque uma imagem comove mais do que mil palavras”

Depois, o papa passou para cumprimentar os jornalistas um a um e ouviu alguém lhe pergunta se tinha medo de uma guerra nuclear: “Sim, realmente tenho medo. Estamos no limite. Basta um incidente. Não se pode fazer com que a situação precipite. Devemos destruir os armamentos nucleares”.

“O fruto da guerra”

Aos jornalistas que o acompanhavam no voo que partiu nessa segunda-feira de Fiumicino, dirigido para Santiago do Chile, primeira etapa da viagem apostólica ao Chile e ao Peru, o papa quis que distribuíssem a foto do menino que, após o bombardeio de Nagasaki, em 1945, carrega sobre as costas o irmãozinho morto, amarrado sobre os ombros, à espera da cremação.

Uma imagem crua, do fotógrafo estadunidense Joseph Roger O’Donnell, que já no fim de dezembro passado o papa quisera distribuir, reproduzida em um cartão e acompanhada das palavras amargas: “O fruto da guerra”. Ao lado, uma legenda em espanhol que enfatizava o desespero do menino expressada “nos seus lábios mordidos e cobertos de sangue”. Por fim, a assinatura autografada “Franciscus”.

Uma mensagem forte do pontífice, para denunciar os resultados devastadores dos conflitos – de todos os conflitos – e a sua preocupação com essa “terceira guerra mundial em pedaços”, que hoje, como ele disse várias vezes, abala o mundo.


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