Câmara Municipal de Juiz de Fora dá Cidadania Honorária ao sindicalista José Francisco Neres

A saudação do secretário geral do PCB Edmilson Costa
José Francisco Neres recebe do título de Cidadão Honorário de Juiz de Fora, do vereador Betão
José F. Neres com o ex-deputado Clodismidt Rianni
Dinarco Reis Filho na saudação a Neres
                                                                     
Uma parte do auditório  durante a homenagem a Neres
                          Outubro de 1917. Pela primeira vez os trabalhadores ascendem ao poder numa nação. Não numa nação qualquer mas no maior país do mundo. Nove de outubro de 2017, cem anos depois da Revolução na Rússia, uma cidade do porte da de Juiz de Fora, entrega o título de sua Cidadania Honorária a um ex-preso político mineiro: o tecelão José Francisco Neres, uma verdadeira lenda das lutas sociais em nosso país. 

Um ato multipartidário. A começar pela proposição da honraria, de autoria do vereador Betão, do PT, presentes representantes de outras legendas, como o PCdoB, o secretário-geral do PCB, Edmilson Costa, de outros membros do Comitê Central do Partido como Dinarco Reis Filho e Pablo Lima, além da direção e  membros do PCB de Juiz de Fora, como Luiz Carlos Kaizim e grande parte de jovens lutadores sociais do município, jornalistas e convidados especiais. 

José Francisco Neres, militante há mais de 50 anos no PCB, foi seu secretário-político em Minas Gerais é um dos principais integrantes da Velha Guarda do Partido. Durante a ditadura esteve sempre atuante e chegou a ficar  mais e dois anos preso justamente na Penitenciária de Linhares, em Juiz de Fora.

       Dossiê de J.F. Neres

Interrompe-se bruscamente o Sol; das flores só o cheiro cada vez mais distante. Da música os acordes mais dissonantes,depois estridentes até desaparecerem os acordes; a melodia foi vencida.

Resta o barulho ensurdecedor tentando ofuscar a lembrança, as vozes de crianças, as vozes do povo, as vozes do novo, o barulho contra o grito.

Gritos, urros,, homem contra máquina de dor, a maquina contendo refinada tecnologia, manejada com arte sinistra.

Homem no escuro, o ar cada vez mais fragmentado.Sombra da noite, enfim a noite. As asas do  pássaro o carregam para a noite.

Mas não...é proibido anoitecer. Aqui também a medicina tem seu lugar, encobre a noite mas reforça a

escuridão.

Nos raro intervalos em que se pode lembrar, explode o canto novo. É preciso ocupar todas as horas 

do dia, todos os dias da noite.

Som, barulho, dança macabra, onde o velho e o filho bastardo descarregam sua ira como que 

vingando sua decadência.

Como pode o passado se atirar com tanta força contra o presente e o futuro?

O Velho foi ferido de morte em 1917. De lá para cá sobrevive sugando força de sua filha bastarda

- a classe média, e se alimentando da bestialidade, do obscurantismo que também são sub produto do 

velho.

Agora a dança é mais feroz: não conta horas. O dia se perdeu, o ar ficou mais escasso, os 

combustíveis para a vida foram cortados. 

Em lugar o seu terror, o delírio, as alucinações, o encontro com a noite se faz urgente antes que se 

apague da mente as cores, as lembranças e a força do novo.

Até a noite foi acorrentada, passou a ser jogada contra a escuridão. A força nova se mantém por um 

fio, comprida, reprimida. Momentos de refluxo: momentos em que o velho se impõe e festeja a 

vitória que antevê.

Mas um rasgo de sopro passa pelo fio e arromba a janela. Impõe de  novo o novo, a lembrança, de 

novo a  herança, e lá fora se distingue a cor vermelha, a tocha de luz que avança nas mão da classe 

operária.

(Pensamento passado para fora da  prisão por Neres clandestinamente, no mês de julho de 1976)
  
(Imagens do PCB de Juiz de Fora)



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