Hoje na História: 1982 - Steven Spielberg estreia E.T. nos EUA

                                                                 

E.T. ganhou 4 Oscars e teve primeira exibição em Festival de Cannes de 1982; personagem foi primeiro a concorrer a título de Homem do Ano da revista 'Time'

Max Altman (*) 

O diretor Steven Spielberg, então com 34 anos, estreia em 11 de junho de 1982 o clássico da ficção científica, E.T., O Extraterrestre nos EUA.

O roteiro de Melissa Mathison, esposa de Harrison Ford na época, consegue expor a mesma ingenuidade presente nos clássicos da Disney o que, associado à mitologia, emocionou plateias de adultos e crianças.

À primeira vista, o alienígena poderia chocar em virtude da aparência estranha. Contudo, à medida que as cenas avançam, o público começa a percebê-lo de outro jeito, diferente de um alien ou um predador. Vem à tona a ternura e a pureza que o animam. E.T. chega em busca de paz, mesmo que seja uma criatura estranha em um lugar estranho, convivendo com pessoas diferentes.

O filme, ao contrário dos seriados da década de 30 e dos filmes dos anos 50, que instigavam o espectador a desconfiar do estrangeiro, passa a ideia de que o invasor em potencial, o inimigo, é uma fantasia criada pelo medo e que mesmo diante do desconhecido e da imagem diferente podemos conviver e até encontrar semelhanças.

A trama começa quando E.T. se perde na floresta na noite em que sua tripulação fazia pesquisas na Terra. Mais tarde, conhece Elliott, um garoto que vive no subúrbio de uma típica cidade norte-americana, e os dois tornam-se amigos. O E.T., então, passa a ser tratado quase como o bichinho de estimação da família, aprendendo os hábitos do dia a dia de um lar de classe média.

As cenas da despedida de E.T. e do vôo de bicicleta em frente à Lua, ficarão para sempre na memória e no coração de todos, graças aos efeitos visuais e a trilha sonora de John Williams.

Para Spielberg, E.T. marcou o retorno a um território que foi inaugurado com o clássico Contatos Imediatos de Terceiro Grau (1977), no qual Richard Dreyfuss interpreta um homem que se vê diante de uma aterradora força alienígena que finalmente prova ser amiga dos humanos. Com E.T., Spielberg criaria uma visão ainda mais atraente da vida extraterrestre, na forma de uma criatura diminuta, de pele enrugada e barriga luminosa.

Durante a produção, Spielberg trabalhou estreitamente com Mathison para que o filme expusesse com clareza e sentimento a história do alienígena, que ficou retido na Terra e precisou da ajuda de um garoto para poder voltar a casa. Elliott e seus irmãos, interpretados por Robert MacNaughton e pela menina de 7 anos, Drew Barrymore, escondem o E.T. — como o próprio extraterrestre se apelidava — em um armário para deixá-lo fora das vistas dos adultos, inclusive sua mãe, que estava perturbada com a dolorosa separação do marido. Um vínculo especial se desenrola entre o E.T. e Elliott, que coloca em risco sua própria segurança para devolver E.T. ao seu planeta.

À época, o E.T. teve sua primeira exibição privada no Festival de Cannes de 1982. O murmúrio da platéia refletiu o sucesso. Richard Corliss enalteceu o filme com uma crítica publicada na revista norte-americana Time:”[E.T.] é uma mescla perfeitamente dosada de comédia suave e melodrama ligeiro, de morte e ressurreição, de uma amizade tão pura e forte que parece um amor idealizado.” 

A Time chegou inclusive a incluir o alienígena fictício em sua lista de candidatos ao Homem do Ano – o primeiro personagem cinematográfico a concorrer ao título. Indicado em 9 categorias para o Oscar de 1983, inclusive Melhor Filme e Melhor Diretor, o filme conquistou 4 Oscars: Melhor Edição de Efeitos Sonoros, Melhor Efeito Visual, Melhor Roteiro Original e Melhor Som.

E.T. foi um dos grandes sucessos de bilheteria, arrecadando 435 milhões de dólares na época. Ainda em 2008, o filme estava na 5ª colocação de bilheteria de todos os tempos. Em 2002, 20 anos mais tarde, o filme voltou a ser exibido nos cinemas em uma edição especial de aniversário.

(*)Max Altman (1937-2016), advogado e jornalista, foi titular da coluna Hoje na História da fundação do site, em 2008, até o final de 2014, tendo escrito a maior parte dos textos publicados na seção. Entre 2014 e 2016, escreveu séries especiais e manteve o blog Sueltos em Opera Mundi.

(Com Opera Mundi)

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