Hoje na História: 1936 - Poeta Federico García Lorca é fuzilado na Espanha

                                                                        

Lorca era amigo de pintor Salvador Dalí, cineasta Luis Buñuel, poeta Rafael Albertí, entre outros; é considerado maior autor espanhol desde Cervantes

Em 19 de agosto de 1936, o poeta espanhol Federico García Lorca é fuzilado pelos franquistas perto de Granada, no sul da Espanha. A guerra civil no país eclodiria menos de um mês depois. 

O conflito opôs o exército do general fascista Francisco Franco ao governo republicano. As simpatias de esquerda, seu engajamento pelos mais desfavorecidos e sua homossexualidade custariam a vida ao poeta de 37 anos.

Nascido em Fuente Vaqueros, província de Granada, Lorca escreveu uma obra que constitui um dos pontos altos da poesia espanhola do século XX. Após sobreviver a uma infância marcada por graves e consecutivas doenças, estudou direito e literatura, inicialmente em Granada e depois em Madri. 

Nessa época, por volta de 1919, aproximou-se dos grandes nomes da vanguarda artística espanhola e tornou-se amigo íntimo do pintor Salvador Dalí, do compositor Manuel de Falla, do cineasta Luis Buñuel e do poeta Rafael Alberti.

Com a publicação de Libro de Poemas (1921), García Lorca despertou a atenção da crítica, e em 1925 passou a colaborar em várias revistas literárias madrilenhas, sobretudo em La Gaceta Literaria e na Revista de Occidente.

A crítica o consagrou em definitivo após a publicação das Canciones Gitanas (1927). No ano seguinte publicou Romancero Gitano (1928), para muitos a maior de suas obras poéticas. Esteve em Nova York, em 1929, como bolsista da Universidade Colúmbia, e fez ainda uma viagem a Cuba.

Voltou à Espanha em 1931 e fundou e passou a dirigir o importante grupo teatral universitário La Barraca. Visitou países da América Latina, fazendo grande sucesso como poeta, dramaturgo e conferencista em países como Brasil, Argentina e Uruguai. 

Socialista convicto sem nunca ter sido comunista, havia tomado posição a favor da República. Aos 38 anos, foi preso por ordem de um deputado católico direitista que justificou sua prisão sob a alegação de que ele era mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver.

Em seguida foi executado pelos nacionalistas franquistas em Víznar, com um tiro na nuca, numa execução que teve repercussão mundial. Seu corpo foi jogado num ponto da Serra Nevada. Segundo algumas versões, ele teria sido fuzilado de costas, em alusão a sua homossexualidade. A caneta se calava, mas emergia em todas as partes um sentimento de que o que ocorria na Espanha dizia respeito a todo o planeta.

Obras de Lorca

Assim como muitos artistas, Pablo Picasso, Pablo Casals, Salvador Dali e outros, durante o longo regime ditatorial do generalíssimo Franco, suas obras foram consideradas clandestinas na Espanha.

Com o fim do regime, e a volta do país à democracia, finalmente sua terra natal veio a render-lhe homenagens, sendo hoje considerado o maior autor espanhol desde Miguel de Cervantes. Lorca tornou-se o mais notável numa constelação de poetas surgidos durante a guerra, conhecida como "geração de 27", alinhando-se entre os maiores poetas do século XX.

Foi ainda um excelente pintor, compositor precoce e pianista. Sua música se reflete no ritmo e sonoridade de sua obra poética. Como dramaturgo, Lorca fez incursões no drama histórico e na farsa antes de obter sucesso com a tragédia. As três tragédias rurais passadas na Andaluzia, Bodas de Sangue (1933), Yerma (1934) e A Casa de Bernarda Alba (1936) escrita na maior parte em prosa e talvez sua melhor peça, asseguraram sua posição como grande dramaturgo.

Como poeta, destacou-se com as publicações Poema del Cante Jondo (1931), Llanto por Ignacio Sánchez Mejías (1935), Seis Poemas Gallegos (1935), Poeta en Nueva York (1940) publicado em livro postumamente, no México.

(Com Opera Mundi)

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